(...)
"Ao
mencionar que um deles me trairia, disse a Judas que saísse para fazer
rapidamente o que tinha que fazer; os discípulos despertaram, se perguntando se
realmente aquela era sua última ceia comigo. Havia muita angústia emocional,
perguntas, inclusive recriminações por tê-los colocado em tal armadilha. Outra
vez, perguntaram-se o que fariam de suas vidas depois que eu me fosse. Perguntavam-se
qual seria seu lugar na comunidade se eu fosse crucificado. As pessoas
zombariam deles, queixavam-se. Ninguém voltaria a confiar no que
dissessem.
“Profundamente
entristecido pela resposta egoísta diante de minha situação, assegurei a eles
que não tinham que temer por sua própria segurança. Deveriam abandonar-me e não
haveria ligação entre eles e a minha crucificação. Sugeri que depois de minha
morte se dispersassem e voltassem para a Galileia. Pedro comoveu-se
profundamente e reagiu com violência negando que algum dia me abandonaria, mas,
é claro, foi o que ele fez.
“Mesmo
depois de todo o amor que tinha por meus companheiros e de tudo o que desejava
obter para eles, naquele momento de minha própria necessidade, ainda encontrava
total falta de compreensão, até resistência. Sua única preocupação era sobre o
que poderia acontecer a eles. Não houve nenhuma palavra amável, oferecimento de
ajuda ou angústia pela minha dura prova futura.
“Como
era duro o coração humano, pensei! Quantos penosos séculos teriam que passar
antes que a humanidade pudesse ir mais além de sua própria dor e sofrimento
para sentir talvez uma faísca de amor e compaixão para com outros
desafortunados que se encontrassem numa situação pior do que a deles?"
Extraído
do livro CARTAS DE CRISTO: a Consciência Crística Manifestada. Carta 3, p. 16.
Almenara Editorial, 2012. Disponível em:
https://cartasdecristobrasil.com.br/