“É importante entender minhas verdadeiras
origens e minhas características na juventude, pois foram os estímulos que me
incitaram, empurraram e impulsionaram a finalmente ser o Cristo.
(...)
“Como jovem, tornei-me impossível de controlar
– um verdadeiro rebelde! Rejeitei a adesão incondicional de minha mãe à fé e
tradições judaicas, preferindo o riso às atitudes hipócritas. Recusei-me a
aprender um ofício que me confinasse à rotina. Escolhi misturar-me com todo o
tipo de gente das classes mais desfavorecidas, bebendo com eles, conhecendo
prostitutas e me divertindo, conversando, discutindo, rindo e sendo um ocioso.
Quando precisava de dinheiro, ia trabalhar nos vinhedos por um dia ou dois ou
fazia trabalhos que me pagassem o suficiente para comer e beber, propiciando-me
o lazer que desejava.
(...)
"Recusei-me a acreditar em um Deus “justo”
segundo as tradições judaicas. As advertências bíblicas proféticas sobre o
“julgamento e cólera” de Jeová contra as pessoas me indignaram. Apesar de tudo,
pessoas são pessoas, fazendo o que sua natureza humana as impulsionava a fazer.
Nasceram pecadoras – então por que deveriam ser julgadas e condenadas a levar
uma vida de sofrimento e pobreza por não terem cumprido os Dez Mandamentos?
Qual era o sentido de tais afirmações? Para mim, essa crença judaica representava
um “Deus” ilógico e cruel e eu não queria nada com “Ele”. Parecia para mim que
se existia tal “divindade”, então o homem estava condenado à miséria eterna. A
simplicidade e liberdade que encontrei nas encostas das colinas, nas planícies,
nos lagos e montanhas, refrescaram meu espírito interior e aquietaram minha
cólera que murmurava contra o Deus Judeu. Assim, neguei-me a acreditar em
qualquer palavra do que os anciões Judeus tentavam ensinar-me.
"No entanto, lá pelos vinte e cinco anos de
idade, uma nova linha de questionamento tomou conta dos meus pensamentos.
Enquanto eu caminhava sozinho pelas colinas cada vez com mais frequência, minha
rebeldia foi aos poucos sendo substituída por uma ânsia que me consumia, de
saber e compreender a verdadeira natureza DAQUELE que sem dúvida nenhuma devia
inspirar e respirar por meio da criação. Revisei meu estilo de vida e percebi
quanto sofrimento minhas ações haviam causado à minha mãe e a muitas outras
pessoas. Embora eu sentisse profunda compaixão pelos fracos e sofredores, minha
natureza rebelde havia me levado a um comportamento egoísta e sem consideração
para com minha família. O amor subjacente por eles brotou em mim e me percebi
igualmente rebelde contra meu comportamento anterior. Escutei falar de João Batista
e do trabalho que fazia entre os Judeus que vinham até mesmo de Jerusalém para ouvir
suas palavras. Decidi visitá-lo para que me batizasse.”
Extraído do livro CARTAS DE CRISTO. Carta 1, p.
9. Disponível em:
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