“Quando foi a hora de
celebrar a Páscoa com meus discípulos, organizei uma ceia com todos reunidos num
grande salão. Sabia que aquela era a última vez que comeria na Terra.
(...)
“Tive momentos de
profunda autopiedade. Senti que ninguém
compreendia o que havia procurado fazer pelo meu povo e o sacrifício que estava
disposto a fazer por ele. João estava contando uma expressiva história
sobre a última noite dos israelitas no Egito, antes de escaparem para o
deserto. Falava das instruções de Moisés ao chefe de cada família para que
matassem um cordeiro sem mancha, que o cozinhassem de certa maneira e pintassem
com aquele sangue as portas das moradias israelitas, porque naquela mesma noite
viriam os anjos para matar todos os filhos primogênitos dos egípcios e o seu
gado.
(...)
“Era o tipo de história horrível que eu rejeitava por não
ter nenhum valor para a pessoa que buscava a Verdade espiritual mais elevada. Eu me perguntava até
que ponto meus discípulos realmente tinham entendido quando eu falava de seu
“Pai Celestial” e Seu amor por toda a humanidade. Como podiam entusiasmar-se com o pensamento de
“anjos” matando os primogênitos dos egípcios quando eu tinha dito com toda a
clareza que “Deus”, o “Pai”, era Amor? Mas os Judeus sempre haviam se
preocupado com o derramamento de sangue para redimir seus pecados. Até mesmo
Abraão, o fundador da nação israelita, convenceu-se de que devia levar o seu
único filho ao deserto, matá-lo e oferecê-lo em sacrifício a Deus. Um pensamento pagão e revoltante!
“Pensei nos sacrifícios
de animais no Templo. Amando a todos os seres vivos da criação como eu amava,
esta prática era para mim uma abominação. E agora eu estava a ponto de ser
levado para a morte porque tinha me atrevido a pronunciar as palavras da
Verdade. E quando considerava o tão
pouco do meu conhecimento que tinha conseguido transmitir, perguntava-me por
que eu tinha sido enviado em tal missão!
“Senti de repente um
estremecimento de ressentimento e raiva se entrelaçar aos sentimentos habituais
de amor para com aqueles homens. Com certo cinismo, perguntava-me que sinal
poderia deixar que fosse uma recordação eficaz, para que os meus ensinamentos
retornassem a suas mentes quando já não estivesse com eles. Se podiam esquecer
tão rapidamente todos os meus ensinamentos sobre o “Amor do Pai” e desfrutar a
horrível história da Páscoa, enquanto eu
ainda me encontrava na mesma sala com eles – de que se recordariam quando
morresse como um “malfeitor” na cruz, a mais desprezível das mortes?
“Depois pensei que, se
o “derramamento de sangue” os comovia tanto, daria a eles sangue para que se recordassem
de mim! Com essas reflexões irônicas apanhei um pão, parti-o, passei-o a meus
discípulos e disse que o comessem. Comparei o pão partido com o futuro de meu
corpo partido e pedi que repetissem o “partir o pão e o distribuir” em lembrança do
sacrifício de meu corpo para trazer a VERDADE – a Verdade sobre Deus e a
Verdade sobre a Vida, a Verdade sobre o Amor.”
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Extraído do livro
CARTAS DE CRISTO, p.78, disponível em:
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